Sempre aprendi que mulher devia ser um bicho corajoso. Não devia chorar à toa e se chorasse devia esconder esse choro. Desde pequena ouvi: "engole esse choro menina!" Como se chorar mostrasse ao mundo minhas feridas, num mundo que não está pronto para conhecê-las.
Assim fui crescendo, engolindo os choros, cuidando das minhas feridas e esperando virarem cicatrizes. Porque mulher de verdade é igual a Joaninha. Uma carapaça grossa mais adornada, que caminha com dificuldade mas carrega essa caparaça pronta a mostrar ao mundo. A dona Joana é mulher de verdade, forte e bela.
Pois é, existem mulheres e mulheres. Algumas são borboletas...frágeis e coloridas que voam por aí. Outras são joaninhas, coloridas mas com uma carapaça que só ela sabe o peso de carregá-la.
Este não é um texto feminista que vai discutir o que é melhor, ser borboleta ou joaninha. Mas aprendi ser joaninha e sendo joaninha sei o que isso significa. Porém, nunca pensei em ser borboleta. Não quero a metamorfose. Eu quero o mundo do jeito que eu quero.
"Viver é um lugar perigoso" citando assim Guimarães Rosa. Pois é, no mundo borboletas e joaninhas sempre estão correndo riscos. Hoje quero ser mais Joaninha, quero a minha carapaça colorida voando com as suas dificuldades por ai. Mas não deixo de voar, mesmo sendo uma tarefa árdua. Sei que mesmo na caparaça existe beleza, fragilidade e feminilidade. A dona Joana não é menos fêmea que a borboleta.
Hoje quando caminhava uma joaninha pousou no meu cabelo, sem saber o que era, dei um tapa e ela saiu voando. Pois é, se fosse uma borboleta talvez tivesse visto antes e não teria deixado pousar. Mas, se não tivesse visto no tapa que eu dei ela iria desmontar e cair no chão. Mas ao tirar a dona Joana ela saiu voando, meio cambaleando mais voou alto até sumir... Eu disse: "voa dona Joana que existe um lugar neste mundo de tapas, pousos e madeixas que é seu!!"
3 comentários:
Coisa mais bonita :)
Lindo texto que mostra que nem sempre a fragilidade é sinônimo de beleza. Ser forte tb é ser bela e com certeza tu és dona Joana. Parabéns!
Adorei o texto. Sempre admirei as mulheres fortes. E você é uma delas. Engolir o choro é uma forma de se recompor mais rápido e começar de novo. Te amo.
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