sexta-feira, 10 de abril de 2009
A menina inventora....
Ela sabia que ele não existia, como uma certeza matemática. Ela sabia que o amor não existia e por isso tratou de inventá-lo. Comprou roupas novas, se perfumou e saiu para inventar o amor. Encontrou seu desejo, buscou seu cúmplice e tratou de inventá-lo. Passou a desejá-lo, a querer amar inventado todos os dias. Sentia saudades do amor inventado e queria inventar o para sempre inventar.
O amor inventado ficou confuso e não sabia o que fazer, pois assim como a menina não sabia amar. Buscou inventar momentos, escrever cartas, poesias e desabafou nas noites inventadas.
Recortou e colocou saudades, sentiu medo de perder o amor inventado. Olhou nos olhos do amor inventado e percebeu que já não era mais tempo de inventar de amar.
Uma noite sozinha recortando e colando as lembranças do amor inventado deixou de inventar. Guardou os recortes de alegrias, as tristezas coladas e saudades costuradas em papel marché no caderno de momentos.
Guardou o caderno com as provas irrefutáveis que um dia o amor tinha sido inventado. Prometeu que nunca mais iria inventar de inventar a inventúria de amar.
Um dia, distraida pensando no amor inventado, esqueceu o caderno no ônibus.
Chorou de verdade pelo amor inventado, que agora moraria num achado e perdidos de uma estação qualquer...
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