sábado, 16 de abril de 2011

Warrior of War



Olhou para as suas mãos calejadas mas que ainda sentia o toque suave. Essas mãos que apertavam a carne com força e suavemente deslizava entre pulsos e cabelos.

Tentava enxergar claramente através dos espelhos d'agua que se formam. Não se reconhecia na neblina da sua vida. Só novamente encontrava-se com seus demônios e pesadelos. Estava cansada...

Questionou a legitimidade das lutas,  dos destinos traçado pelos feiticeiros.
Teriam as bruxas a amaldiçoado-a? Porque tivera que lutar tanto? Foram reais os demonios e dragões mortos? Já não sabia...

 A espada, presa a sua bainha, jogou no chão e lentamente começou a despir a armadura. Tirou o capacete para libertar seus pensamentos. Voltou a sentir a sua pele, seus lábios sedentos e mudos.

Tirou a armadura e conseguia sentir seu coração batendo. Não entendia porque..

Seu pescoço doía, passava suas mãos tentando aquece-los. Aliviar a dor.

Carregava o mundo nas suas costas, a expectativa, a ausência. Mas estava cansada...

Foi despindo o resto da armadura aos poucos, suas cicatrizes ficavam cada vez mais desnudas. Cada uma era uma luta que perdida ou não a tinha a marcado para sempre. O seu rosto carregava as cicatrizes do tempo, através dos sulcos e expressões que começam a não abandoná-la. 

Ao passo que mais se despia, mais vulnerável ficava. E se tivesse que lutar novamente? Como se protegeria? Mas queria voltar a sentir seu corpo, sua pele, seu toque, apenas seu calor perdido nas noites frias e solitárias...

A lua brilhava, tentou se reconhecer no reflexo da armadura... Mal enxergava. Mas já estava desarmada...
Sua pele era coberta apenas por uma anágua de algodão. Sentia frio...
Deitou-se próximo a fogueira do seu coração. Adormeu, não sonhou.... 


sexta-feira, 8 de abril de 2011

Ismália




Quando Ismália enlouqueceu,

Pôs-se na torre a sonhar...

Viu uma lua no céu,

Viu outra lua no mar.


No sonho em que se perdeu,

Banhou-se toda em luar...

Queria subir ao céu,

Queria descer ao mar...


E, no desvario seu,

Na torre pôs-se a cantar...

Estava perto do céu,

Estava longe do mar...


E como um anjo pendeu

As asas para voar...

Queria a lua do céu,

Queria a lua do mar...


As asas que Deus lhe deu

Ruflaram de par em par...

Sua alma subiu ao céu,

Seu corpo desceu ao mar...



Alphonsus de Guimaraens